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Chegou aos 35 anos? O que precisa mesmo saber sobre os seus óvulos (parte I)

Com tantas mulheres a optar por ter filhos mais tarde na vida, temos mesmo de falar sobre o congelamento de óvulos (ou, o nome mais científico, criopreservação de ovócitos). Mesmo sendo um tema mais falado na atualidade, acho que a visão das mulheres sobre este processo tende ainda a estar repleta de desinformação e muitos mitos.


Sobre fertilidade e a idade

Quando estamos nos 30 anos, parece que tudo está a acontecer ao mesmo tempo. Andamos a navegar nas nossas carreiras, à procura ou a cuidar dos nossos relacionamentos, e a considerar como queremos que seja o nosso futuro. Se queremos filhos ou não, com quem e quando. E, de repente, a pressão da nossa biologia, a partir dos 35 anos, para descobrirmos tudo isto rapidamente toma conta da nossa vida.


A idade da mulher é um dos fatores mais importantes que determinam a possibilidade de conseguir uma gravidez usando os seus próprios óvulos. Numerosos estudos publicados mostram como a quantidade e a qualidade dos óvulos diminuem após os 35 anos e isso significa que mulheres por volta dos 38 estão no limite para conseguirem uma gravidez usando os seus próprios óvulos.

Não pretendo com isto criar alarme, medo ou ansiedade, mas é um facto! E é por isso que se observa um número crescente de mulheres a explorar a opção de congelar os óvulos.


A conversa séria dos 35 anos

Chega um momento em que é importante falarmos connosco próprias sobre o que queremos para a nossa vida. O que é realmente importante para mim? A carreira, as viagens, as noites com os amigos, comprar uma casa?

Quero ter filhos? Tenho mesmo certezas se sim ou se não? Será que me vou arrepender? Mas ainda não tenho uma relação estável, como posso sequer pensar numa gravidez? Todas estas questões e outras surgem na cabeça de todas as mulheres quando começam a sentir o “peso da idade”. E mesmo que o relógio biológico ainda não tenha disparado, estas questões devem ser pensadas.


A maioria das mulheres não fala nem pensa sobre a sua fertilidade até chegar aos 30 anos. A maioria presume que tudo se irá "encaixar" e, eventualmente, acabará por ter filhos com alguém que ama.

Como médica de Medicina Funcional, focada num plano preventivo para todos os meus pacientes, é minha missão esclarecer essa desinformação, desmascarar esses mitos e dar às mulheres informações reais e soluções de ação sobre as suas opções. Dessa forma, todas poderão sentir-se capacitadas para tomar decisões informadas sobre a sua fertilidade.


O Dia D da Decisão

Para muitas mulheres, a decisão de congelar os óvulos surge em contextos diferentes, mas todos criam alguma ansiedade e desconforto.

Umas, após o fim de um relacionamento de longo prazo, onde depois de vários anos juntos, os últimos anos foram gastos em discussões circulares sobre ter filhos, chegando finalmente a um ponto em que o então parceiro decidiu que não era algo que ele desejava. Frustração, frustração e mais frustração.

Outras, sem um parceiro e uma relação seguras, ficam cansadas de esperar e decidem não deixar ao acaso de Deus ou do Universo a possibilidade de serem mães. Decidem cedo congelar óvulos, para assegurar que mesmo que só encontrem o amor aos 40 anos (ou não), desejam mesmo ter o seu filho.

Temos ainda outras que querem mesmo assegurar o plano B e que, independentemente de tudo e de até já terem filhos, desejam ter a possibilidade de vir a ter mais um filho daqui a uns anos e assegurar óvulos jovens e saudáveis.

Todos os motivos são válidos e não fazer esta opção com medo do que os outros, a família ou as amigas vão pensar, é simplesmente um absurdo.


Quando as pessoas me perguntam sobre se devem ou não passar por este passo, eu RECOMENDO-O sem sombra de dúvida para as pessoas que têm certeza de que querem filhos “um dia”. E também para todas aquelas que talvez NÃO tenham a certeza, mas sentem o tique-taque do relógio e a pressão que vem com isso.

O engraçado é que a maioria das mulheres que acaba por avançar com a criopreservação sente que aquele relógio foi silenciado e, desde então, se sentem livres para deixar a vida seguir o seu próprio cronograma. Muitas mulheres acabam por nem usar os óvulos que congelaram, mas a paz que isso lhes trouxe não tem preço.

Se ter um filho é importante para nós, precisamos priorizá-lo, assim como priorizamos os outros aspetos das nossas vidas. Ao considerar o congelamento de óvulos como um tratamento de fertilidade, é importante consultar o seu médico e pesquisar minuciosamente as dimensões médica, legal e ética do procedimento.


Qual é o melhor momento para congelar os óvulos?

Fisiologicamente, o melhor momento para congelar os seus óvulos é quando eles estão na sua melhor qualidade, ou seja, 34 anos ou menos. Mas queremos equilibrar isso com as hipóteses de a mulher conceber naturalmente ou talvez encontrar o parceiro certo e nunca precisar do congelamento de óvulos.


Estudos sugerem que dos 34 aos 37 anos é um bom equilíbrio, quando os óvulos ainda são de alta qualidade e o congelamento faz mais sentido.

Não há a necessidade de correr para o médico no seu aniversário dos 35 anos, mas se estiver perto dos 30 e estiver interessada em congelar óvulos, vale a pena conversar com ele sobre quais são as opções.


Como pode melhorar a qualidade dos seus óvulos

A intuição provavelmente diz-lhe que otimizar a saúde reprodutiva é extremamente importante para aproveitar ao máximo os tratamentos de fertilidade, como congelamento de óvulos ou fertilização in vitro, e isso está certo.


Na verdade, um crescente número de pesquisas demonstra como as toxinas ambientais que se escondem em muitos produtos do dia-a-dia (a maioria dos produtos de beleza atualmente no mercado, por exemplo) podem prejudicar as nossas hormonas reprodutivas. Além disso, a dieta e os estilos de vida modernos podem levar a deficiências cruciais de micronutrientes com mais facilidade do que se pensava, o que pode significar que a mulher eventualmente não possua alguns dos blocos de construção fundamentais para a fertilidade.


Muitos médicos de fertilidade têm tempo limitado e estão focados nos seus cuidados médicos, portanto, nem sempre irão aconselhá-lo, além do básico, sobre todas as coisas que você pode fazer para obter o máximo de seu tratamento.


É por isso que no próximo artigo irei partilhar com vocês, com muito carinho, todas as estratégias adicionais para se prepararem melhor para os tratamentos de fertilidade. Até lá, informem-se sobre as clínicas disponíveis em Portugal, valores do procedimento e passos a dar.


Se há conselho que tenho para todas as mulheres preocupadas com a fertilidade e com o relógio biológico, esse conselho é:


o tempo não é um problema quando se criam as condições ideais para uma boa fertilidade e saúde.

Mas mesmo que não saiba já se quer ter filhos ou não, a criopreservação de óvulos pode ser um “seguro” para a sua futura vontade de vir a ser mãe.


artigo publicado aqui.


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