Tem dificuldade em manter-se concentrada nas tarefas ou esquece-se facilmente de tudo? Sente um cansaço constante? Se teve Covid-19 é possível que ainda esteja a sofrer as suas consequências. Estivemos à conversa com a Dra. Andreia de Almeida, médica especializada em Anti-Aging e #RealFluencer para lhe contar tudo sobre este tema.
O que é o brain fog?
A expressão brain fog, em português "névoa cerebral", não tem uma única definição oficial nem é considerado um diagnóstico médico, mas sim um conjunto de sintomas cognitivos que as pessoas podem sentir como: um cansaço e fadiga gerais, dificuldades de concentração e foco, tempos de reação lentos e processamento de informações, perda da linha de pensamento ou dificuldade em lembrar detalhes familiares, como lugares, nomes ou palavras.
Quais os sinais de que podemos estar a sofrer de um brain fog?
Cada pessoa pode sentir ou identificar-se com estes sintomas acima descritos de forma diferente, mas o ponto comum é que se sente alterações ao nível da memória. O facto é que o problema assenta na forma como o nosso sistema nervoso central processa e mantém as informações corretas, estando relacionado com a neuroinflamação.
Existem várias possíveis causas que causam esta inflamação do nosso cérebro como:
stresse crónico
alterações hormonais (como na gravidez)
desequilíbrios dos níveis de açúcar no sangue (hipoglicémia)
Covid-19
Depressão e ansiedade
Quimioterapia
Sensibilidades alimentares
Doenças autoimunes (como o lúpus, esclerose múltipla, fibromialgia, síndrome da fadiga crónica)
O brain fog é consequência da Covid-19? Se sim, está comprovado?
A maioria dos cientistas e médicos não entendem completamente como a COVID-19 causa problemas no cérebro ou por que esses problemas ocorrem em alguns pacientes e não em outros. Na prática é que o brain fog é um dos três principais sintomas frequentemente descritos em pessoas que apresentam sintomas prolongados de semanas e às vezes meses após a infeção inicial por Covid-19.
Existe forma de evitar que aconteça?
Ainda não está claro sobre o que se pode fazer para controlar a resposta imunitária que danifica o cérebro após a infecção por COVID-19. Atualmente são necessárias mais pesquisas para explorar essa hipótese, mas estão em estudo terapias imunomoduladoras que podem vir a ajudar esses pacientes. Infelizmente ainda não há medicamentos ou tratamentos conhecidos que corrijam o brain fog diretamente.
Que gestos podemos ter no dia-a-dia de forma a fazer "desaparecer" o brain fog?
O COVID ataca vários sistemas como o digestivo, cardiovascular, as glândulas supra-renais, o cérebro, o sistema imunológico, os pulmões, os músculos e o pâncreas. À medida que entendemos melhor o efeito do COVID existem várias medidas lifestyle, testes funcionais e planos de suplementação que podem ajudar a reequilibrar o nosso corpo. Recomendo uma avaliação 360º e focarmo-nos na eliminação de todos os gatilhos de stress crónico, melhorar o sono, otimizar a alimentação e nutrição com suplementos e praticar exercícios ligeiros 30 minutos todos os dias. Estas pequenas mudanças no dia-a-dia podem ter um efeito cumulativo positivo ao longo do tempo e reequilibrar a resposta do sistema imunológico e reduzir a inflamação.
Que suplementos aconselha para estas situações?
Um dos focos em pacientes com sintomas Pós-Covid é restabelecer a integridade mitocondrial de forma a assegurarmos resposta imune adequada e melhorar a produção de energia nas células.
Existem vários suplementos recomendados entre os quais:
Suplementação com CoQ10: um importante antioxidante nas mitocôndrias;
Suplementação com N-acetilcisteína (NAC): em altas doses (≥1.200 mg), a NAC atua como antioxidante por meio de mecanismos complexos que podem melhorar situações de stresse oxidativo;
Acetil-L-carnitina (ALC): promove a regeneração dos nervos periféricos;
Suplementação antioxidante: Vitaminas C e E,7 e selénio;
Ácido Alfa-Lipóico (ALA): um poderoso antioxidante, atuando como coenzima em reações mitocondriais.
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